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'Viagem para litoral como 'prêmio' para servidores após eleição', diz Justiça ao determinar cassação de prefeito no Piauí

Milton Passos (PT), prefeito de Pau D'Arco do Piauí. Reprodução/Redes Sociais A Justiça Eleitoral cassou os mandatos do prefeito de Pau D’Arco do Piauí, ...

'Viagem para litoral como 'prêmio' para servidores após eleição', diz Justiça ao determinar cassação de prefeito no Piauí
'Viagem para litoral como 'prêmio' para servidores após eleição', diz Justiça ao determinar cassação de prefeito no Piauí (Foto: Reprodução)

Milton Passos (PT), prefeito de Pau D'Arco do Piauí. Reprodução/Redes Sociais A Justiça Eleitoral cassou os mandatos do prefeito de Pau D’Arco do Piauí, Milton Passos (PT), e do vice Lima Bacelar (PDT), por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024. Na decisão, foi apontado aumento de 245% no gasto com combustíveis nos meses anteriores ao pleito e uma viagem ao litoral para servidores da prefeitura que trabalharam na campanha. Ao g1, o prefeito Milton Passos afirmou que não vai se posicionar sobre a decisão no momento. A reportagem não conseguiu contato com o vice Lima Bacelar. O espaço segue aberto para esclarecimentos. ✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp A decisão também tornou Milton Passos, Lima Bacelar e o ex-prefeito Josenilton Bacelar inelegíveis por oito anos. A sentença determina novas eleições no município e o envio do caso ao Ministério Público Eleitoral, que pode investigar possíveis crimes e atos de improbidade. Segundo a ação da coligação “Com a Força do Povo” (Avante, MDB e PRD), a prefeitura fez contratações em massa sem justificativa durante o período eleitoral. De janeiro a agosto de 2024, o número de servidores passou de 200 para 315 — alta de 57,5%. A sentença apontou que foram identificados pagamentos duplicados e triplicados, promoções irregulares de estagiários com aumento de salário e manipulação de datas em diários oficiais. Testemunhas disseram que servidores com cargos de confiança participaram da campanha durante o expediente. Relataram ainda uma viagem de lazer a Luís Correia, litoral do Piauí, organizada após a eleição como "prêmio" a servidores que trabalharam na campanha. O documento também destacou o aumento dos gastos públicos antes da eleição. O valor com combustíveis subiu de R$ 53,4 mil em maio para R$ 184,5 mil em agosto — alta de 245%. As contratações temporárias cresceram mais de 1.000%. Cargos como vigias e recepcionistas tiveram aumento de 500% e 175%, respectivamente. Os gastos públicos em agosto de 2024 foram 60,3% maiores que os do mesmo mês em 2023, sem haver justificativa para o aumento. A decisão é da juíza Carmen Maria Paiva Ferraz Soares, da 32ª Zona Eleitoral. Impacto no resultado da eleição A sentença afirmou que as irregularidades podem ter influenciado o resultado da eleição. A diferença entre os candidatos foi de apenas 30 votos, enquanto 150 pessoas foram contratadas no período. Conforme o documento, o conjunto de provas apresentadas mostrou o uso coordenado da estrutura administrativa em benefício da campanha, configurando abuso de poder político e econômico. A decisão citou jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que dispensa prova de que as irregularidades mudaram o resultado. Basta que tenham gravidade suficiente para afetar a legitimidade da eleição. Próximos passos Com a cassação, o município terá novas eleições. O Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) ficará responsável por definir o calendário. O Ministério Público Eleitoral pode abrir investigações sobre crimes e atos de improbidade ligados às contratações e gastos apontados no processo. VÍDEOS: Assista às notícias mais vistas da Rede Clube